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A História dos Batistas: Como se originou a denominação Batista

 Podem-se distinguir três teorias a respeito da origem dos batistas.

 

1 - Teoria JJJ ou Jerusalém-Jordão-João.

2 - Teoria do parentesco espiritual com os anabatistas do Século XVI.

3 - Teoria da origem dos separatistas ingleses do Século XVII.

 

1 - A primeira diz que os batistas vêm em linha ininterrupta desde os tempos em que João Batista efetuava seus batismos no rio Jordão. (Não vou me aprofundar muito sobre os nomes que defendem essa teoria, basicamente é a crença de que começou no Jordão com João Batista e existe até hoje).

 

2 - A teoria do parentesco espiritual com os anabatistas do Século XVI. O grande historiador batista Albert Henry Newmann concorda com essa teoria na sua “História do Antipedobatismo” publicada em 1897, o mesmo acontecendo com o famoso iniciador do Cristianismo Social, o pastor e professor Walter Rauschenbusch.

 

2.1 – Quem eram os anabatistas?  Anabatista significa “os rebatizadores”. O anabatismo surgiu em zurique durante o trabalho de Zwinglio naquele lugar. Era uma grave ameaça para o bem-estar da Reforma, pois não foi apenas um afastamento doutrinal da verdade da Escritura, mas foi em alguns ramos do movimento, um movimento radical contrário à autoridade dos magistrados e com a intenção de estabelecer o Reino dos Céus sobre a terra. A principal proposta anabatista consistia na reivindicação do modelo igualitarista da Era Apostólica. Com isso, almejavam a partilha das riquezas que estavam sob a posse de aristocratas abastados e também de clérigos. Essa reivindicação partiu, inicialmente, de nobres de baixo prestígio social, isto é, cavaleiros que não tinham propriedades e nem heranças de valores vultosos.

 

3 - A terceira teoria afirma que os batistas se originaram dos separatistas ingleses, especialmente aqueles que eram congregacionais na eclesiologia e insistiam na necessidade do batismo somente de regenerados. Advogam essa teoria o notável teólogo Augustus Hopkins Strong e o historiador Henry C. Vedder, professor do Seminário Teológico Crozer, na Pensilvânia, de 1894 a 1927.

 

1° Ela não violenta os princípios da exatidão histórica, como fazem os que procuram afirmar uma continuidade definida entre as seitas primitivas e os batistas modernos.

2° Os batistas não partilham com os anabatistas a aversão destes pelos juramentos e pelos cargos públicos e nem adotaram doutrinas anabatistas, como o pacifismo, o sono da alma e a necessidade de sucessão apostólica para a ministração do batismo.

É possível aproveitar alguma coisa de cada uma dessas teorias. É preciso ter em mente que o nome “Batista” é um rótulo, uma designação cômoda, um apelido. Lembremo-nos também que para Jesus Cristo essas designações humanas não têm importância. Para ele seus discípulos são seus filhos. Importa ao discípulo que seja fiel, importa ao discípulo que seja obediente. Temos, então, que examinar o problema histórico do ponto de vista da obediência e da fidelidade a Jesus Cristo.

 

Era bastante confusa a situação religiosa na Inglaterra no início do Século XVII. A religião oficial era a Anglicana, firmemente estabelecida durante o longo reinado de Isabel. Mas ainda permaneciam muitos católicos romanos, apesar das leis existentes contra eles. Logo no início do reinado de Jaime I, que substituiu Isabel, ouve uma terrível trama católica, a chamada conspiração das pólvoras, que pretendia fazer voar pelos ares, numa tremenda explosão, o rei e todo o parlamento. Essa conspiração, descoberta a tempo, provocou repressão maior e maior repulsa do povo inglês pelo catolicismo romano. Mas dentro da Igreja Anglicana havia também um grupo dissidente, os Puritanos. Estes aceitavam a doutrina oficial da Igreja Anglicana, mas não toleravam as pompas cerimoniais e o relaxamento dos costumes. Adotavam uma forma rígida de cristianismo que a alegre corte de Londres não podia suportar. Além dos puritanos havia ainda um outro grupo, numeroso e espalhado, que, a falta de outro nome, recebia a designação de Separatistas. Estes eram evangélicos na doutrina, mas repudiavam o anglicanismo. Queriam ter igrejas independentes do Estado e queriam cultuar a Deus como bem lhes parecesse. Não era um grupo organizado. Foi do separatismo que surgiram os primeiros batistas, tendo como líderes John Smyth e Thomas Helwys.

Os separatistas não aceitavam o anglicanismo e também não se identificavam com os puritanos.

 

O que narra nossa CBB?

Finalmente, em 1608, um grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa, liderados por John Smyth, que era pregador, e Thomas Helwys, que era advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609, uma Igreja de doutrina Batista, como era o sonho dos dois líderes.

John Smyth batizou-se por imersão e em seguida batizou os demais fundadores da Igreja, constituindo-se assim a primeira igreja organizada, tendo como espelho as doutrinas do Novo Testamento, inclusive o batismo por imersão e mediante a profissão de fé em Jesus Cristo.

Com a morte de John Smyth logo depois, e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de regressarem para a Inglaterra, a Igreja organizada se desfez e parte dos seus membros se uniram aos menonitas.

Com o nome de Batista existimos desde 1612, quando Thomas Helwys, de volta da Holanda, onde se refugiara da perseguição do Rei James I da Inglaterra, organizou com os que voltaram com ele uma Igreja em Spitalfields, arredores de Londres. Thomas Helwys, que era advogado e estudioso da Bíblia, ao escrever um livro intitulado " Uma Breve Declaração Sobre o Mistério da Iniquidade", foi preso e morreu na prisão, em 1615.

Em 1644, sete igrejas batistas se reuniram em Londres e escreveram um documento chamado de “Confissão de Fé Batista”. Nele constava o batismo por imersão, que era a forma de batismo bíblico. No grego a palavra “baptismos” significa: imersão, mergulho.

Um dado interessante, a Aliança Batista Mundial estima que no mundo exista 170 mil igrejas Batistas com um total de 48 milhões de pessoas.

Essa aliança é a principal organização da denominação batista no mundo e foi fundada em 1905 em Londres. Hoje sua cede fica na cidade de Falls Church, Estados Unidos.     

 

Batistas no Brasil

 

Em 1882, quando foi organizada a Primeira Igreja Batista, voltada para a evangelização do Brasil, já existiam duas outras Igrejas Batistas, organizadas por imigrantes norte-americanos, residentes na região de Santa Bárbara do D'Oeste e Americana, em São Paulo.

Os casais de missionários Batistas norte-americanos, recém-chegados ao Brasil, Willian Buck Bagby e Anne Luther Bagby, os pioneiros, e Zacharias Clay Taylor, Kate Stevens Crawford Taylor, auxiliados pelo ex-padre Antônio Texeira de Albuquerque, batizado em Santa Bárbara D'Oeste, decidiram iniciar a sua missão na cidade de Salvador, Bahia, com 250.000 habitantes. Ali chegaram no dia 31 de agosto de 1882 e no dia 15 de outubro, organizaram a PIB do Brasil com 5 membros: os dois casais de missionárias e o ex-padre Antônio Teixeira.

Nos primeiros vinte e cinco (25) anos de trabalho, Bagby e Taylor, auxiliados por outros missionários, e por um número crescente de brasileiros, evangelistas e pastores, já tinham organizado 83 Igrejas, com aproximadamente 4.200 membros.

 

Organização da Convenção


            Segundo José dos Reis Pereira, Salomão Ginsburg foi a primeira pessoa a pensar na organização de uma Convenção Nacional dos Batistas Brasileiros.
Mas, somente em 1907, a ideia foi concretizada. A. B. Deter, Zacharias Taylor e Salomão Ginsburg concordaram em dar prosseguimento ao plano. Eles conseguiram a adesão de outros missionários e de líderes brasileiros, inclusive Francisco Fulgêncio Soren, que tinha, inicialmente, algumas reservas.
A comissão organizadora optou pela data de 22 de junho de 1907 para organizar a Convenção, na cidade de Salvador, quando transcorreriam os primeiros 25 anos do início do trabalho Batista brasileiro, também iniciado na referida cidade.

No dia aprazado, no prédio do ALJUBE, onde funcionava a PIB de Salvador, em sessão solene, foi realizada a primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira, composta de 43 mensageiros enviados por Igrejas e organizações. A casa estava cheia. O clima era de festa, celebrando o que Deus fizera partir daquele início tão pequeno!

 

Criada a Convenção, foi eleita sua primeira diretoria:

Presidente - Francisco Fulgêncio Soren;
1º Vice-presidente - Joaquim Fernandes Lessa;
2º Vice-presidente - João Borges da Rocha;
1º Secretário - Teodoro Rodrigues Teixeira;
2º Secretário - Manuel I. Sampaio;
Tesoureiro - Zacharias Taylor;

            A motivação básica da criação da Convenção foi Missões, e falava-se na evangelização de Portugal,  Chile e África. Foram criadas, além das duas Juntas Missionárias, Missões Nacionais e Missões Estrangeiras (hoje Missões Mundiais) outras juntas: para a Casa Publicadora Batista, para Escola Bíblica Dominical, para União de Mocidade Batista, para Educação e Seminário, e para a Administração do Seminário. Ao todo, 7 Juntas.

            As áreas de Missões, Educação Religiosa e Publicações, Educação Teológica e Educação, foram as que receberam maior atenção dos convencionais.

 

Referencias

FERNANDES, Cláudio. "Anabatistas e as revoltas do século XVI"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/anabatistas-as-revoltas-seculo-xvi.htm. Acesso em 23 de outubro de 2021.

http://www.convencaobatista.com.br/siteNovo/index.php

Apostila História dos Batistas – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro

Manual do Embaixador Escudeiro – Embaixadores do Rei - UMHBB

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