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A história da Bíblia - Um breve resumo de sua escrita e compilação

Introdução

Muitas pessoas a volta do mundo já tiveram em algum momento de suas vidas contato com a Bíblia, seja apenas vendo ou mesmo lendo um pouco. Mas a grande maioria dessas pessoas, mesmo aqueles que creem nela e a leem regularmente não sabem como ela foi escrita e nem mesmo como se deu a sua compilação.

Com o intuito de termos uma melhor compreensão em como se deu o processo de escrita e compilação da Bíblia Sagrada, iremos meditar de forma bem resumida como se deu esse processo que resultou no livro mais lido e traduzido de toda a história, que tem mudado vidas e revolucionado a história.

 

A Bíblia na perspectiva cristã

 

A Bíblia é para os cristãos de linha protestante, o principal livro de fé e prática, palavra de Deus revelada ao homem, onde está escrito a história do povo de Deus e o evangelho de Jesus Cristo.

Os Batistas seguem a livra ortodoxa, que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus de uma capa a outra, inclusive, nossa declaração doutrinária pontua que ela é o nosso único guia de fé e prática em seu primeiro ponto diz:

 

1º - A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta.

 

Origem do Nome:

Nem sempre a Bíblia recebeu esse nome, a Bíblia também é conhecida como Testamento, Escritura, Lei e profetas. Testamento vem de “testamentum” que significa “aliança ou pacto”. Hoje em dia também podemos chamar de “cânon” que significa “régua ou vara de medir”.

A palavra biblos serviu inclusive para balizar uma cidade, que fica as margens do mar mediterrâneo. Nessa cidade havia um porto de onde os papiros eram embarcados para todo o mundo antigo que os usava. Quando os gregos viram o papiro pela primeira vez o chamaram de bíblia (coisas de biblos), assim por volta do século II d.C. os cristãos passaram a dar o nome Bíblia para seus escritos sagrados.

Uma curiosidade é que na Bíblia não tem a palavra bíblia, pelo menos não em português, já que a palavra que se originou aparece no original em grego, no Novo Testamento (Biblos).

 

 βιβλος γενεσεως ιησου χριστου υιου δαβιδ υιου αβρααμ. (Mateus 1:1)

 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. (Mateus 1:1)

 

Formação e estrutura 

A bíblia tem cerca de 40 autores que foram divinamente inspirados por Deus para escrever as Escrituras. O cânon do AT protestante é composto de 39 livros, que são agrupados em quatro grandes blocos literários: o pentateuco, os históricos, os poéticos e sapienciais e os proféticos. E é a mesma quantidade de livros do canon judaico. Na versão judaica a divisão dos livros é feita de forma diferente.

O novo testamento contém 27 livros divididos em: Evangelhos, histórico, cartas ou epístolas e revelação.

Em hebraico a palavra lei é “torah”. Os cinco primeiros livros da bíblia repetidas vezes utilizaram-se dessa palavra para se referir ao conjunto de leis divinas.

O AT foi escrito entre 1400 e 400 a.C. e o NT foi escrito no século I d.C, no toal levou 1500 anos para ser escrita toda, com um intervalo inter-bíblico de 400 anos, o chamado período do silêncio.  

No início não existia a divisão de capítulos e versículos essas divisões vieram depois, antes todo o texto era de forma direta sem separações. Somente em 1250 foi feita a divisão por capítulos, pelo Cardeal Hugo Caro e tempos depois em 1550 foi feita a divisão por versículos pelo professor Robert Steves.

Já temos atualmente a tradução bíblica para cerca de 2917 línguas e dialetos. A Bíblia também foi o primeiro livro do mundo a ser impresso, o alemão Gutenberg em 1455, logo após terminar seu invento, a imprensa, decidiu ter como primeiro livro impresso a Bíblia.

Na época antiga, quando a bíblia estava sendo escrita ainda não havia o papel que hoje conhecemos, no início o principal material era a pedra, temos o próprio Deus escrevendo os 10 mandamentos em tábuas de pedra, outro material usado era a argila. Ela era o material de escrita mais comum na Assíria e Babilônia. Para escrever sobre a argila, os escritores preparavam pequenos tabletes e imprensavam nele símbolos, depois a plaquinha de argila era secada no sol ou em um forno.  Tábua de madeira também foi usada na escrita. Outro material utilizado foi o couro de animais. Mais tarde utilizaram o papiro, um dos materiais mais importantes da época. Por último se utilizou o pergaminho, que começou a predominar mediante os esforços do rei Eumenes II, de Pérgamo, por isso o nome de pergaminho. Esse material revolucionou a escrita, que a partir de então passou-se a escrever dos dois lados da folha. 

O Antigo testamento, a primeira parte da bíblia, foi escrito em dois lugares diferentes, em Israel e na Babilônia. Já o novo testamento foi escrito em vários locais da Ásia menor.

Durante a leitura da bíblia certamente já lemos a citação de livros que nunca chegaram às nossas mãos. Do antigo testamento podemos apontar o Livro do Convênio ou Aliança (Ex 24:47), Livro das Guerras (Nm 21:14), Livro de Jasar (Js 10:13) e etc. No Novo Testamento temos: Carta de Paulo aos Laodicenses (Cl 4:16) etc. 

Os textos originais foram escritos em 3 línguas: hebraico, aramaico e grego. O dialeto koiné foi o veículo para a tradução das Escrituras do antigo testamento feita em Alexandria por volta de 280 a.C. por um grupo de eruditos judeus (LXX) ou septuaginta, pois justamente foi traduzida por 70 sábios.

A septuaginta foi um pedido do rei do Egito Ptolomeu Filadelfo, filho do General Ptolomeu Lagus (que era general de Alexandre, o grande), por volta de 250 e 200 a.C. e continha 7 livros que não fazem parte da nossa Bíblia, os chamados apócrifos. O rei queria que constasse na biblioteca de Alexandria o livro dos judeus na língua grega.

Essa biblioteca era a maior e mais importante do mundo naquela época. Durante essa tradução do hebraico para o grego foram acrescentados os 7 livros, que hoje compõe a bíblia católica. No ano de 90 d.C. os judeus realizaram o Concílio de Jâmnia onde tinham por finalidade definir os livros que iriam compor a Torah, e lá eles rejeitaram os 7 apócrifos que foram acrescentados na LXX e confirmaram os 39 que hoje temos no nosso AT, ficou conhecido como Texto Massorético ou TM.

Mesmo após essa rejeição dos apócrifos feita pelos judeus, Jerônimo ao fazer a Vulgata Latina, tradução para o latim, inseriu os 7 na sua tradução e a igreja católica “canonizou” os 7 livros que passou a se chamar deuterocanônicos.

No século 16 os reformadores, como Lutero e Calvino, voltaram ao cânon hebraico e também consideraram que não eram livros divinamente inspirados e os rejeitaram.

Podemos então considerar que no fim do século IV, após o Sínodo de Hipona e Concílio de Cartago, todo o cânon já estava fechado como temos hoje.

 

Mas então quais foram as fontes usadas para compor a Bíblia?

Como já vimos anteriormente, o livro dos judeus era usado como lei, esses escritos foram preservados ao longo da história de Israel, mas não tinham um livro como nos moldes atuais. Jesus em diversas passagens citava os textos sagrados aos fariseus e escribas da época. Por isso o Novo Testamento foi usado como verificador dos livros do Antigo Testamento, essa foi uma forma a mais de confirmar a inspiração do AT, livros como Hebreus e Romanos, por exemplo, tem várias citações do AT.

Já o Novo Testamento foi sendo composto e confirmado pelos pais da igreja, homens que vieram logo após os apóstolos e discípulos de Jesus, alguns chegaram até a conviver com eles, como o caso de Policarpo, que foi discípulo do Apóstolo João. Alguns desses pais são Orígenes, Cirilo de Jerusalém e Atanásio.

Temos como fonte bíblica a Septuaginta (LXX), uma versão grega do livro dos judeus.

Anos mais tarde foi analisada a LXX no concílio de Jâmnia e definido os livros que eram sagradas e os que não eram para os judeus, criando assim o Texto Massorético (TM) 90 d.C.

Temos também a vulgata latina, que é a tradução de Jerônimo, feita em 400 d.C. do grego para o latim.

Outra fonte que foi descoberta séculos depois foram os manuscritos do Mar Morto (MMM), no ano de 1947 na palestina em uma caverna em Wadi Qunran, em vasos de barro, foi encontrado manuscritos antigos que ao serem analisados percebeu-se se tratar de manuscritos bíblicos, vale ressaltar que outros livros foram achados lá, como livros apócrifos. Os MMM serviram para lançar por terra a ideia que a igreja editou a Bíblia, já que os manuscritos lá encontrados eram exatamente iguais aos que estavam nas Escrituras. 

Para o português quem foi o primeiro a começar uma tradução foi João Ferreira de Almeida. Ele era um católico convertido ao protestantismo, João morreu na Indonésia. Ordenado pastor presbiteriano em 1656, Almeida, em 1676 finaliza a sua primeira tradução do NT. Apesar dessa grande vitória, sua obra só foi impressa em 1681.


Considerações finais

Como pudermos perceber a Bíblia não foi escrita de uma única vez por uma única pessoa. Esse processo levou um longo período de tempo e foi escrita por varias pessoas diferentes em tempos diferentes com personalidades e gostos diferentes, mas mesmo assim é harmônica e clara.

Percebemos como Deus ao longo das eras guiou seus servos e inspirou os mesmos a escreverem o livro mais revolucionário e importante de todos os tempos, que vem abençoando e mudando vidas, livro que revela ao homem Deus e que descreve o tipo de vida e comportamento que Deus espera do seu povo.

Meu desejo é que você, caro leitor, um dia seja tão impactado e abençoado por este precioso e sagrado livro como eu fui.


Soli Deo gloria. 

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